segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Querido (?) blog,

Ontem tive uma briga muito feia com a minha mãe. Não foi apenas mais uma discussãozinha, afinal isso é normal em toda família; foi uma briga de verdade, apenas com palavras, mas foi uma grande discussão - até choramos.

Eram quase 20h e eu liguei para ela, a fim de saber se não demoraria a chegar, pois estava sozinho (meu pai e meu irmão foram à Piracicaba) e queria tomar banho, só que ela não tem chave e eu não queria que meu banho fosse interrompido por conta de sua chegada. (Liguei também por que quis.) Daí, ela disse que ainda ia demorar "um pouco", que tinha cliente para atender (às 8 da noite no domingo!) e eu ouvi uma voz chamando por ela, nitidamente dizendo: "..., vamos logo! Acabou de chegar um cliente!". Só que eu percebi que era falso, combinado; essas coisas se percebem e, para confirmar a minha desconfiança, eu ouvi um "psiu" baixinho, seguido de uma risada discreta da minha mãe. Então eu disse a ela, bruscamente: "Está bem, mãe. Se seu 'cliente' é mais importante que eu, fique aí"; e desliguei.

Passou-se um tempo; tomei banho; fiz uma omelete, uma salada de tomate e esquentei o arroz para comer. (A omelete saiu meio desformada, mas ficou muito boa!) Entrei aqui na net.

Eram umas 22h30 quando ela finalmente apareceu e eu agi indiferente, frio. Então, como era de se esperar, ela pediu que eu saísse daqui e fosse dormir. Eu respondi que não, blablablá; falei que ela passava muito tempo fora de casa, que nem dormia mais aqui (o que é verdade); não tinha o direito de me dar ordens, sendo que não cumpria seu papel de mãe. Desliguei o computador, mas disse que por vontade própria e não por ela ter-me pedido (verdade também). Blá-blá-blá, ela usou os argumentos de sempre, dizendo que, se não fosse por ela, eu não estaria estudando onde estudo, nem fazendo curso de inglês e mais uma porção de coisas. Eu retruquei, falando que não se tratava de trabalho e, sim, das saídas diárias dela e de suas desculpas para dormir fora. (Há muito tempo que desconfio que ela adultera meu pai. No celular dela, já vi muitas mensagens suspeitas; mas prefiro não acreditar nisso.) Falei, também, que só estando doente, quase morrendo (usei exatamente essas palavras), para ela ficar com a gente; que ela se havia esquecido de Deus há muito tempo, e que só nos momentos difíceis Lhe recorre.

Mais blá-blá-blá.
Ela estava deitada na cama, chorando, usando seus argumentos de sempre, como se tudo girasse em torno de dinheiro e tal. Eu disse que nem tudo é dinheiro, que dá para conciliar trabalho e família; que o problema não era o trabalho dela e, sim, as "saídas" diárias. Disse, ainda, que há muito tempo ela quer se livrar de nós, que nunca quis ter a mim e ao meu irmão; que ela não sabe a nada a meu respeito; que, se não fosse pelo amor que meu pai nos dá, para compensar a ausência dela, teria de freqüentar psicólogos, estaria com dificuldades psicológicas. (Sei que fui duro demais com ela, mas não é de hoje que esses comentários estavam presos na minha garganta.)

O que me fez chorar muito, até soluçar, foi o seguinte: após ter dito tudo aquilo (e um pouco mais), minha mãe disse que, já que ela não valia nada, ela ia pedir a nossa casa de volta (Moramos numa casa alugada e, na nossa própria, mora outra família que a alugou.) e meu pai, meu irmão e eu teríamos que morar lá e nos virar; que ela, a partir de então, viveria a própria vida e cuidaria de si mesma, deixando que meu pai tomasse conta de tudo. (Houve um tom de desafio nisso; para ela, nunca meu pai conseguiria lidar com os "pepinos" que ela lida, como ela mesma diz.) Me tranquei no banheiro e comecei a chorar muito, até ter a impressão de não haver mais lágrimas. Ah! Antes disso, eu tinha ido ao banheiro fazer xixi, daí ouvi barulho de chaves, interruptores sendo pressionados e, com isso, pensei que ela ia sair; mas não foi isso: quando saí do banheiro, apressado, ela tinha apagado todas as luzes (e o fez diversas vezes) e disse: "Viva sem isso. Você consegue viver sem luz? Quem é que paga a conta, hein?"

Voltando à parte que nós três teríamos de viver sozinhos: tranquei-me no banheiro, chorei alto, clamei algo a Deus. Um tempo depois, ela bateu à porta.

- Amanhã, você vai acordar cedo e ir ao trabalho comigo, para saber o que passo todos os dias.

Eu repeti que não se tratava do trabalho; sabia o quanto ela o fazia e por tudo que tinha de passar; mas foi inútil.

Mais blá-blá-blá.

Ela disse inúmeras vezes (até cansei de ouvir) que, a partir de hoje (que na verdade era ontem) eu podia contar os dias em que viveria nesta casa. Eu confesso que cheguei a acreditar.

Quando já não tinha mais o que dizer, fui deitar-me e dormir. Antes disso, fiz oração e, arrependido, pedi a Deus que me perdoasse pelo que disse, mesmo sendo verdade, e que não permitisse que minha mãe fizesse o que dissera; que a noite de sono, pudesse acalmá-la.

Feito isso, fui à cozinha, peguei uma folha de papel e, por escrito, pedi desculpas à minha mãe. Coloquei-o na geladeira, preso por imãs. Fui dormir.

De manhã, quando acordei para valer (sempre acordo algumas horinhas antes para ir ao banheiro e beber água), vi na geladeira, no mesmo papel em que havia escrito, só que mais embaixo, o pedido de desculpas da minha mãe. Senti um alívio enorme.

Espero que não aconteça mais isso.

Aí está o papel:





Obs.: É uma foto do papel. Não tenho scanner, sou pobre. haha! (Ignore a data, tirei agora há pouco)

Afora isso, tem outra coisa que queria falar que aconteceu ontem. Estava conversando no msn com o Rodrigo (aquele menino que eu gosto). Eu pedi para ele o número do seu celular. Não o pedi para ligar (até por que, não tenho coragem para tal), mas para mandar mensagens de vez em quando - e só para ter o número mesmo. Ele perguntou o que eu ia mandar; eu disse: "Mensagem de texto (?)". Daí ele falou que está "ficando com um carinha" (palavras dele próprio) e que, se o "ficante" visse, iria matá-lo (palavras dele também).

Nossa, ao ler isso fiquei superdesapontado. Tudo bem que nós nem nos conhecemos pessoalmente, mas eu gosto dele (e daí?) e pensei que ele gostasse de mim também (não tanto quanto eu, mas que gostasse um pouco, pelo menos, e que até ficaria comigo); mas, mesmo assim, fiquei muito triste; havia tomado um banho de água fria naquele momento. Nisso, ele havia trocado a imagem de exibição; eu aproveitei para mudar de assunto: "Essa aí é a sua amiga portuguesa?"; e o assunto morreu. (Até pensei que ele ia voltar e dizer seu número, mas não...)

Será que eu vou morrer sem dar um único beijo? Será que morrerei virgem? Será que eu sou tão feio ao ponto de ninguém gostar de mim? Eu mereço isso? Parece que todo mundo "se arranja", menos eu. Por que isso, por quê?! Sinto uma solidão enorme. Ninguém gosta de mim e nunca gostou. Até como amigo, nunca sou O amigo; sou apenas mais um. Sempre fui e sempre serei (?) um coadjuvante.

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